CANANÉIA-ESTÂNCIA BALNEÁRIA
Cananéia é um dos 15 municípios paulistas considerados estâncias balneárias pelo estado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por Lei Estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de Estância Balneária, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais. Cananéia é um município brasileiro no litoral do estado de São Paulo. Pertence à Mesorregião do Litoral Sul Paulista e Microrregião de Registro e localiza-se a sudoeste da capital do estado, distando desta cerca de 265 km.2 Ocupa uma área de 1 242,01 km², sendo 2,3677 km² estão em perímetro urbano, e sua população em 2011 foi estimada em 12 220 habitantes, sendo que em 2010 era o 326º mais populoso do estado paulista.
A sede tem uma temperatura média anual de 19,9°C e na vegetação do município predomina a mata atlântica, com trechos de mangues e restingas ao longo de sua faixa litorânea. Com uma taxa de urbanização da ordem de 80%, o município contava, em 2009, com onze estabelecimentos de saúde. O seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,775, considerando como médio em relação ao estado.
O município é considerado o segundo mais antigo do Brasil, perdendo apenas para São Sebastião, fundado poucos meses antes. Atualmente, o Centro
Histórico de Cananéia ainda preserva os estilos arquitetônicos adotados pelas primeiras casas desde o período colonial até o final do século XIX. As praias também atraem milhares de pessoas na alta temporada, sendo que na Ilha do Cardoso há várias trilhas e cachoeiras, além de vários sítios arqueológicos. As festas, a culinária e o artesanato também são atrativos à parte da cidade, cujas principais fontes de rendas são a pesca e o turismo.
Colonização
Em 24 de janeiro de 1502, chega no local a expedição exploratória com Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio (Amerigo Vespucci) no comando, visando reivindicar e demarcar as novas terras e nomearam o local por Barra do Rio Cananor. Esta expedição
trazia uma figura obscura da história brasileira, o degredado português Cosme Fernandes, conhecido como Bacharel de Cananéia, o qual tornou-se uma figura poderosa na região, vindo a possuir muitos escravos e não prestando obediência à coroa portuguesa.8 Anos depois, em 1531, Portugal enviou mais uma expedição, sob o comando de Martim Afonso de Sousa, que chegou na comunidade de Marataiama (antigo nome de Cananéia registrado no diário de navegação da expedição; Mara = mar e Tayama = terra). Este ano é considerado o da fundação oficial da Vila.8 Porém, devido à falta de documentos consistentes que comprovem tal feito, fica estabelecida a controvérsia sobre qual seria a cidade mais antiga do Brasil:
Cananéia ou São Vicente (esta última, também fundada por Martim Afonso, em 22 de janeiro de 1532, conforme documentação).
Em 1534, a propósito do massacre dos oitenta integrantes da entrada de Pero Lobo pelos Carijós às margens do rio Iguaçu, pouco depois de partirem de Cananéia em 1º de setembro de 1531, Pero de Góis intimou os espanhóis a entregarem o Bacharel de Cananéia e a prestarem obediência ao rei de Portugal e ao governador Martim Afonso de Sousa, em trinta dias, sob pena de morte e de confisco de bens. Moschera respondeu que não reconhecia a jurisdição da Coroa portuguesa, uma vez que se encontrava em terras de Castela, criando-se um impasse.
Na iminência de ataque pelos portugueses, Moschera e o
Bacharel, apoiados por duzentos indígenas flecheiros, capturaram um navio corsário francês que pouco antes aportara a Cananéia em busca de provisões, apoderando-se de suas armas e munições. Em seguida, fizeram cavar uma trincheira em frente à povoação de Iguape, guarnecendo-a com quatro das peças de artilharia do navio francês. Na sequência, dispuseram vinte espanhóis e cento e cinquenta indígenas emboscados no manguezal da foz da barra do Icapara, aguardando a força portuguesa. Esta, composta por oitenta homens, ao desembarcar foi recebida sob o fogo da artilharia, sendo desbaratada. Na retirada, os sobreviventes foram surpreendidos pelas forças espanholas emboscadas na foz do rio, onde os remanescentes pereceram,
Crescimento da região
No final do século XV, com ameaças constantes de invasão
, construíram uma igreja na Praça Martim Afonso de Sousa, a Igreja de São João Batista, que àquela época contava com muros largos e fortes portões e não possuia janelas, propositalmente para servir como Forte. Aquelas proximidades eram usadas por navegadores espanhóis e portugueses como ponto para reabastecimento de água e alimentos, além de reparos em suas embarcações e equipamentos. Em 1600, com a designação de São João Batista de Cananéia, a Vila é elevada à categoria de conselho. A localidade teve que desenvolver uma produção de meios de transportes para as tropas que se dirigiam ao Sul e reparos às caravelas. Naquele tempo era bastante utilizado um porto natural, que fez com que a construção naval ganhasse espaço nas décadas seguintes.
No século XVII, por volta de 1770, Cananéia já contava com pouco mais de 15 estaleiros e mais de duzentas embarcações produzidas. Entre o final do século XIII e começo do século XIX tal atividade entrou em ligeira decadência em função do avanço de extração de madeira destinada à exportação, e desta forma a "indústria naval" passou a servir quase que somente à pesca, cuja atividade econômica também começou a ganhar força. Com o desenvolvimento financeiro da localidade, foi elevada à categoria de cidade em 1892, tendo a comarca criada a 20 de setembro deste ano e passando a ter a atual designação em 1905.
Século XX e história recente
No decorrer do século XX destacou-se o desenvolvimento
econômico da região. A pesca continuou a ganhar força, principalmente durante as décadas de 1910 e 1920, e o turismo também tomou impulso, especialmente nas décadas finais deste século. Em 28 de agosto de 1927 é criada a Usina de Força Municipal, tendo início, no ano seguinte, o serviço de iluminação pública, projetado por Emiliano Matheus de Almeida em substituição aos postes a querosene. Na década de 1950 surgiram pequenas industrias, como o engenho de beneficiar arroz, a fabrica de gelo, olarias, engenho de aguardente, serraria e carpintaria.
Com o crescimento populacional e a vinda de milhares de turistas durante a alta temporada houve uma necessidade de melhoria na infraestrutura municipal, como por exemplo em 1960 a cidade passou a ter conexão com a Rodovia Regis Bitencourt, e em 1982 foi inaugurada a ponte que liga a ilha de Cananéia ao continente. Hoje muitos de seus prédios construídos entre os séculos XI e XIX viraram patrimônio histórico da cidade e muitas de suas praças e igrejas também conservam o estilo barroco da época do desbravamento da região. Cananéia tem no turismo e na pesca suas principais atividades econômicas.
Relevo e hidrografia
Imagem de satélite da região de Cananéia.
O relevo do município de Cananéia é predominantemente plano, sendo que a oeste já há domínio das montanhas da Serra do Mar, que forma uma faixa de terrenos acidentados, interposta entre a planície e o planalto. Transforma-se numa sucessão de estreitos vales e cristas montanhosas, resultantes do trabalho de erosão do rio Ribeira do Iguape e seus tributários sobre as rochas menos resistentes dessa porção do planalto. Já a planície litorânea,
que estreita-se entre a Serra do Mar e o oceano, é constituída de baixadas fluvio-marinhas recentes, resultantes da colmatagem (aterramento) de antigos golfões. O território do município é formado por várias ilhas, sendo as principais: de Cananéia (sede) Cardoso, Bom Abrigo, Filhote, Cambriú, Castilho, Figueira, Casca e Pai do Mato.
Parte relevante da hidrografia da cidade é conservada no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, sendo que a maior parte deles possui mata ciliar, sendo cercados pela floresta tropical nativa. Os manguezais também são protegidos e frequentemente estudados, a fim de analisar e preservar a fauna e flora local.
Clima
O clima cananiense é caracterizado, segundo o IBGE, como subtropical subquente super-úmido (tipo Cfa segundo Köppen), tendo temperatura média anual de 19,9 °C, com temperaturas amenas e chuvas constantes durante todo o ano.22 23 O mês mais quente, janeiro, tem temperatura média de 23,8 °C, sendo a média máxima de 28,4 °C e a mínima de 19,7 °C. E o mês mais frio, julho, de 16,8 °C, sendo 21,3 °C e 12,3 °C as médias máxima e mínima, respectivamente. Outono e primavera são estações de transição.
A precipitação média anual é de 1801,1 mm, sendo julho o mês mais seco, quando ocorrem 73,5 mm. Em fevereiro, o mês mais chuvoso, a média fica em 267,9 mm. Nos últimos anos, entretanto, dias quentes e secos durante o inverno têm sido cada vez mais frequentes, não raro ultrapassando a marca dos 30 °C, especialmente entre julho e setembro. Em 9 de setembro de 1997, por exemplo, os termômetros chegaram perto dos 40ºC, em pleno inverno, em boa parte dos litorais de São Paulo e do Paraná. O ano de 1983 terminou com 3260,5 mm acumulados, distribuídos em 235 dias de chuva, segundo registros do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAAE).
Igreja de Ararapira, uma das primeiras de Cananéia, sendo que o Catolicismo continua sendo a religião predominante.
TURISMO
Praia na Ilha do Cardoso.
Dentre os atrativos naturais, há de se destacar as praias. Segundo a Biblioteca Virtual do Governo de São Paulo, Cananéia conta com sete praias: a Praia da Comunidade Marujá; a Praia de Laje; a Praia do Fole Pequeno; a Praia da Comunidade; a Praia de Ipanema; a Praia da Comunidade Itacuruçá (Pererinha); e a Praia da Comunidade Pontal do
Leste. No Parque Estadual da Ilha do Cardoso há os sítios arqueológicos, além de praias e de 22 mil hectares de mata atlântica preservada, havendo no meio desta várias cachoeiras e trilhas para caminhadas. Cananéia já foi apontada pela revista Condé Nast Traveler como melhor roteiro ecológico do mundo, sendo também tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Natural da Humanidade.
A cidade
conta com vários atrativos de valor histórico e cultural, principalmente em seu Centro Histórico, tombado por resolução aprovada em 11 de dezembro de 1969. Ele engloba a Praça Martim Afonso de Souza, a Avenida Beira Mar e várias ruas, como a Dom João III e Pêro Lopes. A arquitetura urbana que predomina no Centro foi a que predominou desde o período colonial até o final do século XIX, mostrando-se com casas construídas sobre o alinhamento das vias publicas e as paredes laterais, sobre os limites do terreno. No
Museu Municipal, onde está em exposição o segundo maior tubarão do mundo, que foi encontrado em águas pertencentes ao litoral de Cananéia e hoje encontra-se taxidermado;
Esporte
Nas praias se destaca a prática de esportes aquáticos, como o surf, triatlo e a natação. Durante o ano são organizados diversos campeonatos esportivos com foco a essas modalidades esportivas, especialmente durante a alta temporada do litoral, destacando a importância do Campeonato
de Surf, que faz parte de uma das etapas do campeonato sul-brasileiro. Além destes, também há realizações de campeonatos de basquetebol, voleibol e peteca. O Departamento Municipal de Esporte é o órgão que planeja o setor desportivo da cidade, tendo sede no Ginásio de Esportes Mario Covas.
O futebol da cidade ainda é considerado amador, em comparação a muitas cidades brasileiras. A Prefeitura Municipal de Matinhos, juntamente com o Secretaria Municipal de Esporte, Educação e Cultura, realiza anualmente o Campeonato Municipal de Futebol de Campo, dando oportunidade aos times e jogadores do município de mostrarem seu trabalho e suas técnicas. Este é um dos principais eventos desportivos do município, um dos mais populares e que atrai público razoável.
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